domingo, 8 de julho de 2012

Chip não vai acabar com polêmicas do futebol, dizem comentaristas

A decisão da International Board (órgão que cuida das regras do futebol) de permitir a instalação de chips de computador dentro da bola não vai acabar com as polêmicas do futebol, na opinião dos convidados do último "Redação SporTV".

Para Tim Vickery, as polêmicas se a bola cruzou completamente a linha ou não são raras e, além disso, as principais questões do futebol dependem da interpretação do árbitro.

- Acho que se fala muito de uma situação que acontece uma vez a cada torneio. Eu tenho uma preocupação com a geração atual, que tem muita fé na tecnologia e acha que ela pode resolver qualquer coisa. Pode resolver se a bola entrou ou não, mas a grande maioria das decisões do árbitro são interpretações, e não fatos. Para isso, a tecnologia ajuda pouco - disse.

Gol da Inglaterra no Mundial de 2010 foi anulado de forma errada (Foto: Reprodução SporTV)Na Copa de 2010, chute de Lampard entrou, mas
arbitragem não viu (Foto: Reprodução SporTV)

O comentarista da rádio CBN Carlos Eduardo Éboli concorda que as polêmicas continuarão fazendo parte do jogo e lembra que as próprias regras do esporte pedem a interpretação dos árbitros.

- A interpretação está na maior parte das regras. A polêmica nunca vai acabar. Mas precisamos de um mínimo de lógica. Se existe a tecnologia ajudando a nossa vida em tudo, por que não o futebol não entra nessa? O futebol movimenta milhões de dólares. Se o lance só acontece uma vez por torneio, essa única vez pode eliminar uma seleção, pode fazer com que um clube perca milhões de dólares. O futebol não é mais amador, é profissional.

A novidade será testada no Mundial de Clubes da Fifa, que será disputado em dezembro. Assim, o Corinthians será o primeiro brasileiro a jogar com a nova bola. Com o chip, polêmicas como a da Copa de 1966, quando o juiz validou o gol de Hurst, o terceiro da Inglaterra na decisão, contra a Alemanha.

Para Tim Vickery, a polêmica se a bola entrou ou não no lance acaba diminuindo a importância da vitória da seleção inglesa.

- Às vezes, se fala muito sobre isso e muito pouco sobre o futebol, sobre o jogo em si. A credibilidade daquela vitória é sempre minada por aquele gol. Dizem que a bola não entrou e a Inglaterra não merecia ser campeã. Isso tira totalmente qualquer debate sobre o valor daquele time. Foi a primeira seleção a ganhar a Copa do Mundo no 4-4-2, com forte influência do Brasil, porque tinha um "Zagallo" de cada lado do meio de campo. Esses aspectos táticos ficam perdidos no papo de botequim.

Hurst, gol da Alemanha na final da Copa de 1966 (Foto: AP)Chute de Hurst bateu na linha ou dentro do gol? Quase 50 anos depois, polêmica continua (Foto: AP)

Carlos Eduardo Éboli espera apenas que a interferência da tecnologia não interrompa a fluidez do jogo.

- A grande discussão não é a tecnologia, é se a tecnologia que vai interferir na dinâmica do jogo. O futebol tem as suas regras e dá certo justamente porque mexeu pouco. Mas não dá para negar a evolução. Há fatos do futebol que a interpretação do árbitro ainda vai prevalecer. A tecnologia não resolve se foi falta ou não foi falta. Mas impedimento é ou não é, a bola entra ou não entra. Isso é fato. Se pode ter tecnologia para ajudar, por que não?



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